Depois de um tempo afastado daqui, talvez por falta de tempo ou vontade, retomamos nossas reflexões. Passado as eleições municipais de 2024 onde escolheu-se os mandatários e legisladores para os próximos 4 anos é importante fazer um balanço final e quais as projeções para a eleição de 2026, que está logo ali.
O primeiro ponto a se evidenciar é de que o eleitorado majoritariamente reelegeu seus governantes. Nisto clarifica-se um conservadorismo frente à novidade. Se fizermos o recorte das capitais dos 26 estados, 16 obtiveram êxito no pleito. Mostra um recado importante do eleitorado. Se não for algo que impacte, não emplaca.
Outro ponto a se levar em consideração é a consolidação do espectro do chamado "centro" político. O eleitor, ao contrário das eleições de 2018, 2020 e 2022 tentou de certa forma sair um pouco dos extremos. Se olharmos para os dois partidos que saem extremamente vitoriosos nesta eleição, o MDB, este sempre com a base municipalista forte e o novo queridinho do Brasil, o PSD de Gilberto Kassab. Estes dois controlam mais de 60% da população do país. Isto diz muita coisa. Outro recado deixado da urna: Este discurso do nós contra eles já venceu. As pessoas procuram aquele que representa (mesmo mentirosamente) uma trégua à essa guerra ideológica que sai do nada e chega a lugar nenhum. Isto fica evidenciado.
Se olharmos os polos, dito a esquerda representada por Lula e a direita extremada representada por Bolsonaro saem derrotados. Vou analisar cada espectro de forma separada e tentar ver aonde podem vislumbrar algo que agregue para o próximo pleito que se aproxima.
Para o bolsonarismo, como se diz aqui no sul, o "vareio" foi grande. Mesmo com o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro encampando campanhas "in loco" como no Rio de Janeiro com o Delegado Ramagem e em Goiânia com Fred Rodrigues, teve derrotas diretas nas duas capitais. Sua maior vitória se deu com a capital do Mato Grosso, que elegeu seu aliado raivoso, o deputado negacionista Abilio Brunini do PL. No restante do país ficou alguns apoios amarrados, como o caso do ex- deputado Paulo Martins, vice- prefeito eleito de Curitiba e o Coronel da ROTA Mello Araújo indicado dele para vice do Ricardo Nunes em São Paulo. Se a direita moderada, ou como sempre digo "de garfo e faca" logrou êxito, a direita raivosa representada pelo bolsonarismo se apequenou. Essa eleição mostra ao clã Bolsonaro que existe uma parcela da direita que tem sua agenda própria, porém sem os extremos psicóticos e os devaneios que o ex- presidente carrega. Se quiser ter chance em 2026, há uma necessidade de romper a própria bolha para angariar novamente musculatura com chances de vitória.
Para a esquerda no geral, tanto uma mais moderada representada pelo socialismo do PSB ou do trabalhismo do PDT quanto uma esquerda mais ideológica como o PT ou o PSOL, também não foi um mar de rosas a eleição. Foi um sufoco e por pouco ficaria sem nenhuma capital mesmo tendo a presidência da república. Se não fosse em Fortaleza, com a vitória do deputado estadual, presidente da Alece, Evandro Leitão do PT, que venceu com a diferença apertadíssima o candidato do PL e de Bolsonaro André Fernandes, com o apoio do PDT de Sarto e Ciro Gomes. Se não fosse a capital do Ceará, a esquerda e o PT sairiam como entraram nesta eleição: abatidos. Se fizermos a análise em duas capitais, São Paulo que tinha como candidato o deputado federal Guilherme Boulos do PSOL e Porto Alegre que tinha a também deputada federal Maria do Rosário do PT como candidatos no 2º turno percebe-se que se atinge um teto de no máximo 40% de votos em ambas as capitais. Isto é um dado que não se pode deixar de levar em consideração. Se apenas 4 em 10 assumem a agenda de partidos do espectro da esquerda, evidencia a falta de diálogo. Esse diálogo se dá primeiro com a base, a militância que se espalhou, perdeu sentido na luta. Diálogo com a sociedade e seus anseios, coisa que a direita faz, desde setores como indústria, comércio, agora os empreendedores, ou seja um amplo e permanente diálogo que leve em consideração uma agenda que vá de encontro com essa parcela considerável da sociedade. E o principal ponto: Fechar-se para as conversas com outros campos políticos. Isso a longo prazo enfraquece o próprio discurso de democracia que a esquerda tanto prega e critica os devaneios da direita. Neste sentido que se vê nomes potencialmente novos do espectro como Manuela D'Avilla pedir desfiliação do PC do B e afastar-se da política de base. Ela, como tantos outros questionam essa falta de falar para fora dos seus. De implodir as pontes ao invés de construí-las. Eu venho desde o impeachment da presidenta Dilma dizendo que a esquerda precisa fazer autocrítica. O que se vê são ataques internos vazados na imprensa mas nenhuma nota ou comentário apontando os erros e e necessidade de se abrir o discurso, molda-lo e principalmente repaginá-lo para o novo tempo. Ou a esquerda acorda para esta nova conjuntura ou colecionará fracassos atrás de fracassos e poderá no fim virar um PSDB, o que um dia foi, mas hoje é um nada dentro da coisa nenhuma.
Por fim, a eleição de 2024 refez alguns caciques, deu poder a outros e mostrou qual a necessidade real do eleitor: De um discurso mais ameno e que ressoe no cotidiano de cada um. Nisto, Tarcísio De Freitas, Ricardo Nunes, Gilberto Kassab, Eduardo Paes, Eduardo Pimentel, Topázio Neto, Sebastião Melo e tantos outros conseguiram se conectar e obtiveram êxito nas eleições.
O caminho está dado. Vamos ver como se comportará até 2026.
Parece longe, mas é logo ali.
👏👏👏👏👏
ResponderExcluirBoa reflexão 👏🏼
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