Neste início de semana, resolvi escrever sobre um dos principais problemas psicologicos que afetam o indivíduo moderno e que se transforma em caos social: A Esquizofrenia, uma doença que afeta a longo prazo todo um processo de sociedade e os desdobramentos que podem ocorrer.
Num viés psicanalítico, a esquizofrenia é uma perturbação mental caracterizada por episódios contínuos ou recorrentes de psicose. Os sintomas mais comuns são as alucinações, delírios e a desorganização de pensamento.Uma pessoa esquizofrênica, não consegue manter associado pensamento e ação. São coisas que se tornam tão distintas, que fazem com o que se pense, ou seja, o que a razão produz, não alcance a parte laborativa, ou seja aquilo que o corpo deveria fazer em função do pensamento. A algum tempo atrás, eram situações próprias di indivíduo, não do coletivo. O que acontece na pós modernidade, com a evolução da tecnologia, a rapidez e a fluidez das relações, estruturas esquizofrenicas da pessoa, algo isolado, estão passando para a sociedade em si, ou seja causando o que a gente chama de neurose coletiva, provocando um caos social.
Jacques Lacan, psicanalista e filósofo francês, entende esse processo esquizofrênico como uma perca de identidade. Na sua teoria, ele afirmara que o inconsciente, ou seja nós mesmos, só temos sentido e nos reafirmamos a partir do outro. A partir do semelhante, ou seja, do outro que definimos e redefinimos nós mesmos. O discurso do outro é que dá condição para que eu me veja como pessoa. Quando eu perco a noção do outro como pessoa, perco a noção do que eu sou. O que se vê neste mundo pós moderno, por inúmeros fatores, é um esfacelamento identitário muito grande, partindo da psiqué para o social. É imersão do caos que essa neurose causa.
Este conceito da Psiquiatria, na parte da Psicanálise, foi utilizado por outros filósofos e pensadores como o caso de Michel Foucault, Jacques Derrida, mas em um sentido de sociedade conceitual, Gilles Deleuze e Félix Guattari. Eles, um filósofo o outro um psicanalista, fundaram a partir dessa patologia o conceito de " Esquizoanálise" que consiste em uma concepção da realidade em todas as suas superfícies, questionando e desconstruindo as formas de exploração social e psíquicas advindas do capitalismo e do biopoder que emerge desse sistema para se manter, numa tentativa de mostrar a primazia do desejo como primeiro motor do ser humano. Consiste em um leitura tanto natural, quanto social, subjetiva e industrial- tecnológica. Aqui, fundamenta-se o que sempre escrevo em meus textos sobre métodos. A alguns textos escrevi sobre os métodos psicanalíticos que são causadores e não causados para manter o poder, por base desses pensamentos. Quando vemos as atrocidades que fazem passar como algo natural, é método de incutir na pisqué que é natural. Quando deixamos a banalidade das situações se tornarem corriqueiras, quando esquecemos do outro, estamos deixando esse caos social tomar conta. Repito, nada é por acaso, nada é natural, é uma forma de autodefesa do processo biopolitico, usando Foucault, em favor de uma pequena parcela, mas que necessita da grande massa.
Trouxe hoje estas conceituações para mostrar que a frase que sempre utilizo " Prefiro tropeçar em pedras do que nas nuvens" cabe certinho na situação que estamos vivendo, de Brasil, de mundo. A uma sensação de que as pessoas estão preferindo a fumaça da ilusão, pavimentada pela mídia, pelos governos, pelo biopoder, do que a razão, pois a racionalidade me impõe ter personalidade, respeitar o outro, o diferente, enxergar no outro, como eu sou. A grande massa, inconscientemente, não conseguem ter a percepção que ser indiferente ao outro, extermina a si próprio. O discurso de ódio as minorias, a religião a tudo que é sólido está em alta. O que me preocupa é que a maioria que se levanta a favor de um discurso desse é imerso na neurose de nem saber o que estão defendendo. Como sempre digo, é método de autodefesa de quem detém o biopoder.
Portanto, entre a razão e a ilusão, fico com a razão. Ela faz tomar posição, ser coerente com que se fala e se faz. Muitas vezes, dói, como a gente sente dor ao tropeçar em pedras, mas na dor, recordamos que somos humanos. A ilusão, ou as nuvens, fazem com que fiquemos anestesiados pelo sentimento de tudo estar bom, e esquecermos que somos humanos, e que as coisas não estão como jardins floridos. Repito, fiquemos atentos, porque quem " puxa os cordões", que detém o poder e implanta esse método não dorme nem cochila.
Reafirmo com toda a convicção, prefiro sim, tropeçar em pedras do que nas nuvens.
Infelizmente vivemos dentro de uma sociedade doente.
ResponderExcluirExatamente, uma neurose coletiva.
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