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A Sociedade sem Escolas

 Continuando nos assuntos voltados a Filosofia, hoje escreveremos sobre a Educação, com base em um célebre livro do filósofo e pensador desconstrutivista Ivan Illich chamado Sociedade sem Escolas ou desescolarizada. 

Nesta obra, Illich ataca a forma estruturada das escolas e do ensino, o método tradicional de ensinar, onde o professor emprega conteúdos e os alunos são meros espectadores que assimilam conteúdo. Para o autor, a forma mais ampla de ensino é a autoaprendizagem, aliada a relações informais, mais amplas e livres. No atacar as instituições escolas, Ivan Illich tenta mostrar uma sociedade menos padronizada, criadora de pessoas "fazedores de coisas", robôs domesticados em favor de algo maior. A mudança, ou ruptura deste sistema se dá pela educação. 

O livro traz propostas de mudanças nas estruturas de ensino a partir das " Redes de Aprendizagem" evoluidas e tecnológicas, muito a frente do seu tempo. O pensador salienta ainda, que a forma de autoeducação é  um método eficaz para fazer cada indivíduo ter responsabilidade por seu conhecimento, a partir disso, criar consciência da sociedade que vive, sem precisar ser imposto, ou usar o poder coercitivo para tal. É  um processo gradativo de  conscientização.

O que me chama a atenção nesta obra de 1971 é a projeção do que aconteceria. A educação formal, pautada na impressão de conteúdos nos alunos, vai aos poucos desfalecendo em virtude da tecnologia que estão inseridos. Hoje o mundo está na própria mão, através de laptops, smartphones e assim por diante. Há, mesmo que sutilmente, a desescolarização natural, quando deixamos de estar presencialmente em aulas, para estarmos através das telas. Isto já pode ser visto nos níveis superiores, quando o EaD, Ensino á Distância cresce, em virtude de ser mais prático e estar no conforto de cada um. No nível básico, já está tendo um movimento para o fim da estrutura escolar como está, decadente, para uma nova forma de ensino aprendizagem. 

Neste ano, estamos tendo o processo da pandemia do COVID-19. Praticamente o ano todo as aulas do nivel básico foram remotas, ou seja online ou por apostilas. A educação foi forçada a ter uma mudança brusca de atitude frente a pandemia. Sabe-se que é um processo difícil, ser lançado a sorte num mundo de ensino digital. Aos poucos o pensamento de Illich vai tomando forma. Esse período, que não acabou, mesmo que alguns negacionistas por ai digam que não é nada, ainda vai longe. Talvez seja a hora de realmente abandonar os métodos antigos de ensino e partir para a desescolarização, mas com compromisso, não é largar a sorte cada um, existe um método, um despertar de consciência. 

Vejo acontecer muito hoje o que um dia pensou esse célebre filósofo. Não foi um previdente, foi um visionário. Cada passo que a educação dá em busca da atualização e tecnologia, resultará em uma sociedade mais preparada para o que está por vir. Se a educação para de evoluir, a sociedade entra em decadência. Para se ter essa consciência, precisa assumir posição, ter responsabilidade e espírito aberto ao novo. Sem isso. continuaremos ter uma sociedade neurótica, cheia de " fazedores de coisas" não pessoas pensantes e criticas. 

Despertaí, pois, tu que dormes, educação!!! 




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