Entre os temas filosóficos e psicanalíticos que abordo, um que me chama a atenção é o discurso. Interessante, na parte da estrutura do discurso do outro,refletirmos a nós mesmos e nosso inconsciente. O filósofo e psicanalista que escreve sobre é Jacques Lacan, do qual já escrevi em textos anteriores. Neste, escreverei sobre uma frase célebre dele " Você pode saber o que disse, mas nunca o que o outro escutou".
No mundo pandêmico que vivemos, muitas são as informações desencontradas . As vezes por desinteresse, outras por maldade, outras por método. Na psicanálise lacaniana, sempre o discurso é algo importante. Vê-se, que na fala do outro que reafirmamos o que somos. Quando o discurso é distorcido, nem sempre o emissor é compreendido. Por isso que a frase de Lacan é pertinente, principalmente no mundo pós-moderno e volátil que estamos. O fala discorrida, molda e diz muito daquilo que somos. Portanto, ter compromisso com o que se fala é muito importante.
Quando Jacques Lacan fala que o inconsciente é o discurso do outro, ele complementa a frase que norteia essa reflexão e vice-versa. Além do compromisso, recordar-se-á que o que faz com que reconheçamos que somos humanos é o outro. Na identidade do outro, reafirmo o que sou . Então, visto como o período que vivemos, nunca ouve tanto detrimento e distorção das falas das pessoas. Se já não bastasse as neuroses coletivas, que afogam a sociedade, vem um método odioso de enfraquecimento do ser humano através do discurso. As famosas " Fake News" fazem com que não se tenha mais noção do que é verdade ou mentira. Tudo vire fruto do acaso e da subjetividade, ou do relativismo. Não é algo natural é método imposto. Tem motivo, causa, razão e circunstância.
Portanto, a reafirmação do indivíduo passa pelo discurso do outro. Somos o que somos porque nos vemos no outro humano como espelho. Quando esquecemos do outro, imersos no individualismo, vamos pouco a pouco acabando conosco mesmo. Uma tristeza, imaginar que a raça humana, tão civilizada e ordeira, racional por excelência, consiga se auto sabotar.
Não nos deixemos ser peça de manobra neste método maquínico. Enquanto pudermos, vamos lutar contra esse processo que nos transforma em robôs, esquecendo que no outro, reafirmamos o nosso eu.
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