Iniciou-se hoje de direito as inquirições da CPI da Pandemia. Depois de duas sessões turbulentas, cheias de tentativas de sabotagem, enfim, conseguiu-se dar o pontapé as claras, os depoimentos do processo, sendo colhido as falas do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, 1º ministro do governo Bolsonaro. Algo me chamou a atenção, a ponto de resolver escrever sobre. O método canalha de se fazer " fumaça" para confundir as situações, típico do Bolsonaro, que virou via de regra do bolsonarismo. Hoje na CPI não foi diferente. Parlamentar preocupado em produzir fumaça para obstruir o processo da comissão. Algo natural no método. Vejamos alguns pontos.
Antes de ser institucionalmente pavimentado, com a ascendência a presidência de Bolsonaro, esse método fumacento já era utilizado. Lá nos idos de 2016, no processo do impeachment da Presidente Dilma, quando foi feito o processo das "famosas" pedaladas fiscais, onde não se tinha argumento plausível, se intoxicava o discurso dizendo que o prazo de validade do PT já tinha expirado. Sem contar a Operação Lava Jato picareta, Moro, Dallagnol e vários. Todos ferramentas do processo de eclosão do Bolsonarismo. Plantaram essa semente da fumaça que sufoca discursos. Neste sentido, é muito anterior o processo da ideia bolsonaro do que ele próprio. Se colhe agora o que foi plantado.
Com o governo posto, começaram a utilizar esse método com mais frequencia. Se tornou hábito, não só dos que estão no poder, mas de quem o defende. Um exemplo claro, é obstruir raciocinios. Se você argumenta com um bolsonarista que não existe governo, ele te responde que prefere assim porque não tem a "roubalheira" do PT. Patético. Palavras soltas que deslocam o discurso. Ou seja, fumaça e mais fumaça. Uso Foucault nessas horas, as palavras não dizem as coisas. E neste caso, pior que as ferramentas do processo, como os ministros e o próprio presidente, é quem se acha o "sabe-tudo" e defende. Sente-se representado por uma neurose, retrato e espelho de uma sociedade doentia.
Neste sentido, recorre-se a psicanálise para entender esse processo patológico. É, patológico sim, porque o bolsonarismo é uma doença. Essa fumaça não é inalada apenas pelos outros é por aquele que a produz também. Essa intoxicação de discurso é o mal mais perverso de todo o processo, pois produz inverdades nas narrativas, que se pavimentam como discurso. Herança maldita de Olavo de Carvalho neste processo. Alguém que se diz filósofo sem ter feito Filosofia. Uma mentira ambulante, mas é em quem o bolsonarismo se espelha. Vejam só aonde estão os alicerces dessa gente.
O que me admira em todo o processo, particularmente da CPI, é tamanha cegueira que o bolsonarismo produz. A minoria, defensora do genocídio que Bolsonaro ajuda a produzir pela pandemia, não tendo argumentos para tal, solta fumaça para distorcer as falas, tornar capcioso o processo. Tudo para blindar o método. Sempre foi assim. Mas até aonde pude acompanhar, muitos que pavimentaram o golpe de 2016, já se arrependeram e acionaram o processo de retrolavagem da política brasileira. Ainda bem. Poderia não ter sido em cima de mais de 400.000 mortos. Poderiam ter menos sangue nas mãos.
Espero que Bolsonaro sofra o processo de linchamento da política brasileira. É o mínimo para quem comanda uma nação continental como a nossa como se fosse um boteco. Que trata seus ministros como se fosse sua família no churrasco de Domingo. Que trata o povo como capacho.
De tudo isso, e também minuciosamente acompanhando a CPI, compreendi que a política não é para amadores. Política é coisa séria, deve ser tratada com seriedade.
Bolsonaro? É um inútil, despreparado e juvenil. Mas é ferramenta.
Tudo é método. Método de poder.
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