Nesta semana, o Brasil perdeu um dos mais talentosos atores desta geração: Paulo Gustavo. Um gênio da arte e do humor. Quanta falta já faz suas pitadas de resistência neste mundo tão caótico. Transcrevo aqui, seu texto de fim de ano no programa 220 volts. Lucidez e defesa da liberdade do indivíduo sempre foram suas bandeiras. Confira suas palavras:
" Essa pandemia deixou bem clara a importância da arte nas nossas vidas, vocês viram, né? Esse ano foi difícil? Foi. E foram as artes dramáticas, a música, o cinema, a dança, enfim... A cultura em geral que nos ajudaram a seguir em frente tornando tudo um pouquinho mais leve. Eu fico muito feliz e orgulhoso de ser artista, e mais ainda de a comédia ser tão forte em mim. Eu faço palhaçada, você ri, eu fico com o coração preenchido aqui. Eu me sinto realizado de estar conseguindo te fazer feliz. Rir é um ato de resistência.
A gente, agora, está precisando dessa máscara chata pra proteger o rosto desse vírus e, infelizmente, essa máscara esconde algo muito precioso pra nós, brasileiros, o sorriso. Ele está tapado, tem que ficar tapado, mas ele existe. E não vai deixar de existir. A gente não vai deixar de sorrir, não vai deixar de ter esperança"
Paulo Gustavo ainda pediu para as pessoas se cuidarem e cuidarem dos "familiares, amigos, próximos e distantes": "Enquanto essa vacina tão esperada não chega pra todo mundo, é bom lembrar que contra o preconceito, intolerância, a mentira, a tristeza já existe vacina: é o afeto, é o amor. Então, diga o quanto você ama a quem você ama. Não fica só na declaração, não, gente. Ame na prática, na ação. Amar é ação, amar é arte. Muito amor, gente. Até logo".
Até logo Paulo. Foste uma resistência em vida. Defendeu tudo que era do coração. Tudo feito com amor. Quem olha para o ator vê um espelho do que era você.
O Brasil vai ficando cada vez mais pobre de referências. Muito por essa pandemia terrivel, que leva muita gente. Leva por negligência, negacionismo e tanto outros motivos. Triste demais.
Ao Thales Bretas seu marido, a seus filhos Gael e Romeu, minhas orações e desejo que o legado do Paulo jamais se apague no coração de vocês. A Dona Dea Lúcia, inspiração do Paulo Gustavo, seja confortada por Deus nesta hora tão dificil da ausência física cotidiana.
A nós que ficamos mais órfãos sem a Dona Hermínia, sem um irmão como o Aníbal, ou sem um amigo ligeiro como o Valdomiro Lacerda, temos o bálsamo das lembranças e das risadas que nos proporcionou. Ele nos deixa uma missão:
Rir é sim e sempre será um ato de resistência.
+ Paulo Gustavo Amaral Monteiro de Barros (1978- 2021)
Na foto abaixo, ele próprio, ele como Dona Hermínia de Minha Mãe é uma Peça, e ele como Aníbal, de Minha vida em Marte e Os homens são de Marte e é para lá que vou.
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