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O compromisso com a vida

 Nos últimos anos, tenho percebido, mesmo que sutilmente, as pessoas perderem o compromisso com a vida. Em várias esferas, as pessoas estão perdendo o processo do compromisso, ou seja levar com seriedade o que diz e o que se faz. 

Quando entramos no processo do que se diz, voltamos em Michel Foucault, que escreveu um célebre livro chamado " As Palavras e as Coisas". Recordo esse livro para dizer que não se tem mais compromisso com o que se fala, ou pior não se tem sentido as palavras emitidas. Tudo que transmite, nem sempre tem o sentido certo. Um método capcioso de distorcer a realidade. Isso mostra um certo desvio de caráter, em sentido coletivo, em que propositadamente, faz com que as relações estabelecidas entre o emissor e receptor se tornem turvas, fumacentas.  Não se tem o sentido significado que a coisa se apresenta, mas sim o que cada um pensa. Descompromisso total. 

Quando vamos para o campo da prática, a coisa complica mais ainda. A falta de compromisso com o que se faz se torna gritante. Quando se assume uma função, se deve ter o compromisso com as obrigações inerentes ao cargo, isso sendo privado ou público. O que se vê, isso sutilmente, é um descaso, fruto da modernidade fluida de Bauman que acaba com a solidez do que se deve fazer. É um tanto faz como tanto fez. Isso projeta um futuro tenebroso, onde não se tem mais um fazer por vocação ou por paixão, mas um problema sério: Que é o relativismo da sociedade. O chamado " tanto faz".

Me assusta para onde a humanidade caminha. Uma rota sinuosa e nebulosa. Haveremos de ter a obrigação de reestabelecer a ordem natural dela e o compromisso com as coisas, com o que se fala e com a vida. A pandemia está ai e mata cada vez mais. Ter compromisso com a vida é essencial, para poder respeitar as medidas de segurança, respeitar o outro é garantir a vida dele e a sua. Gente sem compromisso, já chega os negaconistas. Já temos demais terraplanistas. Chega disso.

Compromisso é coisa séria, é a vitalidade do indivíduo, frente a si mesmo e a sociedade. 

Não seja um morto vivo. Viva!



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