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A falsa sensação de normalidade

 Depois de uma semana corrida e bem atarefada, como sempre é meu mÊs de Julho, consegui escrever em um dia atípico que é um Sábado. Acredito que escrevi no máximo uma ou duas vezes em um dia como hoje. Mas me sinto inspirado para tal. Retomamos as análises comportamentais e psicanalíticas, principalmente no contexto da pandemia que perdura e parece que não vai embora tão cedo. Abordaremos aqui a falsa sensação de normalidade, fruto do descuido e principalmente de negacionismo da realidade vivente. Analisemos alguns fatos. 

No contexto da pandemia, percorre-se um caminho sinuoso e sem noção de previsibilidade de futuro. Passamos picos altos e contágio e mais baixos, variantes A e B e assim por diante. Com a vacinação, perce-se que, aqueles que a tomam, e deve ser tomada, só imbecil ignorante que deixa de tomar, começa a relaxar os cuidados permanentes, como distanciamento, uso do alcool, e assim por diante. Passa a sensação da necessidade do ser humano voltar ao chamado "normal". Seria uma necessidade da zona de conforto, ou do próprio ego. Penso que é mais um conforto do que um dia Jean Baudrillard escreveu, A falsa sensação e a necessidade de voltar ao normal é a ilusão do Simulacro. É um processo de satisfação do próprio desejo de se sentir na ilusão, ou como costumo usar no mundo das nuvens. Esse é um dos dilemas que a pandemia nos trouxe. Ao jogar o humano a sorte de sua frágil saúde, nos faz confrontar o processo de sermos humanos, ou seja, enxergar a realidade. Neste sentido, para alguns, sempre é mais fácil nega-la que a encarar.

A vacina nos traz um certo conforto de o risco de morte ser menor. Mas não é passaporte para negacionismo. Tomar a vacina é um dever moral de cada cidadão que entender que a sociedade precisa da conscientização de cada um. O que se percebe, pelos estudos e pelos relatos que pude tomar dos profissionais de saúde, é que o povo toma a 1ª dose, para aquelas que não são únicas, e deixam de tomar a 2ª dose, pela falsa sensação de que já está bom. Respeite a ciência. Se ela te diz que deve tomar as duas doses para ter uma eficácia maior, faça. As pessoas perderam o senso das coisas em si para dar valor para opiniões. É o que eu sempre digo, usando Foucault: As palavras devem dizer as coisas. Nem tudo precisa de opinião, apenas de atenção.

Portanto, a psicanálise explica o momento arriscado e temerário que se vive. Essa sensação que existirá um normal é perigosa. Essa pandemia veio deslocar o humano do simulacro para tentar o por na realidade em si e perceber o outro usando Lacan. Eu me afirmo no discurso do outro, no reconhecimento mútuo entre os sujeitos. Isso a pandemia veio mostrar.

Deixemos essa falsa sensação de normalidade de lado. Ela é esdrúxula e contraproducente. Nada agrega, ao contrário, leva a sociedade a mais colapsos e abismos tanto físicos com o número de mortes diárias que temos, quanto psicanalíticas, que seria o rumo que o sujeito toma de si frente ao outro e ao mundo. 

A vacina é o que poderá nos dar uma esperança. Se tomou a primeira dose, tome a segunda, não só por você, por todos. É  a única e repito, mesmo que exista os olavistas bolsonaristas amantes da terra plana que digam que exista remédios não sei das quantas, a vacina é a única forma de vislumbrarmos um mundo que não tenha tanta dor e sofrimento, tantas vidas ceifadas.

Isso é o deserto do real. Isso os simulacros e as simulações jamais iriam mostrar. Negando ou não isso é a realidade. 



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