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O filósofo

 No dia de hoje, 16 de Agosto, celebra-se o dia do filósofo. Dia daqueles que se ocupam em ser os guardiões amorosos do saber, com o questionamento a reflexão sobre tudo. Vê-se nos últimos tempos, paulatinamente, a degradação do ser filósofo, da filosofia em si, como método de desmanche das ciências humanas. O pensar teórico foi reduzido a ser base da prática, e não deveria ser assim. 

Na tempo moderno, ter o tempo para pensar sem a devida práxis foi perdida, ou tornado obsoleta. Áreas como a filosofia, essencialmente teórica, perde sentido em um mundo volátil e mecânico que é o mundo moderno. Mesmo um campo como o da filosofia se ocupe em pensar uma questão como essa, seria uma forma de autosabotagem, visto que vai pelo contrário de seu escopo. Mas isso é a filosofia. Isso é ser filósofo. Estudar aquilo que confronta. Estudar aquilo que agride. Pensar aquilo que me machuca. A filosofia consegue dar condições de se pensar múltiplos e multiplicidades. Isso é ser filósofo. Partir de um ponto qualquer e entregar a discussão para outro ponto qualquer. É ser rizoma, não raiz diria Guattari e Deleuze. Fazer saltar aos olhos o real não seus simulacros e simulaçoes como Baudrillard um dia disse. Exercer o poder pelo exercício da dúvida, capilarizado, multifacetado, exposto por Foucault, para chegar ao super-homem de Nietzsche para dar um exemplo. A filosofia é a ciência das possibilidades infinitas que chegam a outras possibilidades. 

Escolhi por consequência, mas abracei por amor. Sou estudante permanente de Filosofia. Agradeço por ter sentado na cadeira acadêmica e feito algo que modificou o meu jeito de ser e de pensar. Que me fez ver o real. Que me fez pensar o fútil, o agradável, o nem tanto, o rentável e aquilo que ninguém mais tocava. Apenas pensar e pensar. Isso é ser filósofo. O artista que pincela o pensar, que consegue  do acaso e caos, fazer discussão e mudança. Isso é o fascinante.

Não consigo olhar sem ficar indignado com o desuso e a falta de produção ciêntífica teórica das ciências humanas. Parece que tudo tem que ter um pretexto, uma justificativa e um produto final. Quem vê necessidade em ter produto, pouco ou nada sabe do exercicio da teoria. Me preocupa muito o que será do futuro próximo das atualizações das reflexões das ciências humanas. Sem contar o detrimento por método, próprio de quem se beneficia do processo para perpetuar arbitrariedades. Isso é fato. 

Parabéns a todos os filósofos. Mestres em instigar o questionamento. Amantes apaixonados, mas conscientes pela sabedoria. Portadores da dúvida em essência e existência. Parabéns!



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