Ontem tivemos a festa da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Como de costume, fiéis católicos de todo o Brasil festejaram e coroaram Maria, Mãe de Jesus como Padroeira do Brasil e intercessora junto de Deus. Até ai tudo tranquilo. O que teria então de ligação com o presidente da república , Jair Bolsonaro? Veremos mais adiante.
Que Bolsonaro por método flerta com as Igrejas no Brasil, isso já é costumeiro. É um defensor dos evangélicos, participando assiduamente de cultos e pregações, tendo como seus aliados contumazes os pastores Silas Malafaia, Edir Macedo e por ai vai. Já foi visto em cultos do Crivella (aliás que já foi preso por corrupção) e tudo. Até ai não vejo mal nisso, visto que o país é livre por enquanto, as pessoas vão aonde querem e professam o que querem. No âmbito do catolicismo, ele já foi visto algumas vezes em Aparecida principalmente nas festividades da padroeira em Outubro. Nisto, também não vejo mal algum. Mas porém o país é laico. O presidente na sua intimidade pode ter sua crença, porém como chefe de estado deve prevalecer a neutralidade religiosa. Porém, não é sobre isto que vou falar, mas sobre a cara de pau dele de estar.
É constumeiro saber que Bolsonaro defende tudo que vai contra a moral católica. Defende as armas, se colocou contra as vacinas na pandemia e por ai vai. O que nos espanta, é que na cara de pau, vai a santa missa, se coloca como um católico piedoso, que na verdade faz disso um palanque político, porque de piedoso não tem nada. Um presidente que deixa mais de 600 mil pessoas morrerem para satisfazer seu ego com Cloroquina não é cristão. Um presidente que prefere armar o cidadão a ter comida no prato não é cristão. Ou não falamos do mesmo Cristo que passou pela terra fazendo a justiça prevalecer. Não é um sujeito que barganha com a fé alheia para proveito próprio e massagear seu ego e por método anestesiar os seus seguidores que pode se dizer cristão. Não é por gastar o discurso de ser a favor da família e contra o aborto que pode vetar uso de absorventes. Neste sentido, resumo com a seguinte frase: Quem muito fala de Deus e de Cristo, pouco se entende de Deus e nada segue o que Cristo fez. Isso é típico do Bolsonaro.
Outro ponto a salientar é a dicotomia vista ontem na Santa Missa em Aparecida. Com a presença de Bolsonaro, e sabendo de todas as malfeitorias que faz para o povo brasileiro, sorrateiramente e também por método da boa vizinhança (lembrar que o inferno ta cheio de boas intenções), o presidente não só assistiu a missa, como fez uma das leituras da mesma e rezou diante da Imagem no fim. Isso pra mim, como católico é inaceitável. Ele sendo presidente não teria problema, se minimamente seguisse o catolicismo, defendesse a vida, porém seu governo é o próprio governo da morte. Bolsonaro fez a primeira leitura, a do Livro de Ester, aquela que libertou o seu povo. Saiu dali sentindo que a Igreja Católica está com ele. Ledo engano. Saiu dali com mais revolta dos católicos de que como entrou. A palhaçada foi feita pelos padres redentoristas, detentores do santuário, que quiseram num gesto claramente político, claramente político, agradar o presidente. Esqueceram da chefia maior. O arcebispo de Aparecida, o catarinense Dom Orlando Brandes, que no seu sermão deu o recado que Bolsonaro precisava ouvir:" Para ser pátria amada não pode ser pátria armada (...) Para ser uma pátria amada, um república sem mentira e sem fake news. Pátria amada sem corrupção e pátria amada com fraternidade". Deu um tapa na cara de quem estava na primeira fila de bancos. Esse é o sentimento do católico no Brasil. Dom Orlando não se rendeu aos caprichos da política da boa vizinhança e interesseira, deu seu recado com um grito profético no púlpito. De tudo sobrou o bispo que não se calou diante da presença indijesta do sujeito e o silêncio indecente e contumaz dos padres redentoristas, que poderiam ter tratado ele como qualquer fiel, e não ter dado palanque a quem nada tem de católico. Mais uma aberração é que Bolsonaro tomou a Eucaristia, ou seja sinal de sua condenação. Quem a toma sem devidamente estar preparado, toma sua condenação. Mas isso é um problema íntimo dele. Já nos chega ele criar um inferno no Brasil, ele que dê conta do inferno dele no seu íntimo.
Eu concluo que como católico fiquei decepcionado com a forma que a Igreja em algumas situações se cala diante da indecência. É o silêncio dos indecentes. Me desanima tantos terem dado a vida pela causa do Cristo e pela Igreja Católica e alguns se venderem para massagear o ego inflado com situações que poderiam ter sido evitadas. Esqueceu-se da humildade de sua serva, Maria, onde o santuário está sob patrocínio como exemplo para não se render aos encantos do nada. Bolsonaro é um nada. A Igreja deveria trata-lo como tal. Não ficar bajulando esperando benesses de quem se senta com Silas Malafaia. Não existe diálogo, existe um conflito silencioso. Assim , pessoas como Dom Orlando, falam para fora dos muros da Igreja, mas dentro existe o que mais me preocupa. Golpistas de túnica e estola que corroboram com as atrocidades bolsonaristas.
No resumo da ópera, o que se viu ontem foi um arcebispo contrariado, tentando deixar seu recado profético, os padres do santuário nacional vendidos pelo sonho de um Bolsonaro que consegue ser uma fake News até com a religião e com Deus, típico de quem muito fala e pouco se sabe e o próprio Bolsonaro que por método destrói de dentro para fora uma das instituições que ele menos penetra, por causa da história que se tem, que é a Igreja Católica. A presença dele em Aparecida nunca foi de cunho religiosa, mas por método de destruição, pois sabe que é uma fortaleza a ser derrubada. Bolsonaro tem o método de criar cizânia de dentro para fora. A presença dele não é por fé, é por método. Vai vendo Brasil. Vai vendo Igreja, o que vai sobrar disso, dando espaço para tal, vai vendo.
No final o que menos foi lembrado foi de Nossa Senhora. Que seu exemplo de humildade nos faça enxergar mais longe e perceber o que está acontecendo. Não podemos cair no conto do vigário. É muita fumaça para pouco fogo.
Que Maria nos proteja e proteja esse país. Que nos dê sabedoria e coragem, mas muita sabedoria para não cairmos em erros navamente.
Bolsonaro em Aparecida? Não foi para rezar.
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