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Governos da Redemocratização: Dilma: do PAC ao Impeachment

 Continuando nossa saga sobre os governos pós ditadura militar, chegamos a 2010 com o fim da era Lula e as eleições que elegeriam um novo presidente. Partiremos do princípio da eleição de Dilma, passando pela sua reeleição e por fim seu vergonhoso impeachment em 2016.

Para entender o que foi Dilma, precisa entender quem ela é na política. Dilma Rousseff foi ministra das Minas e Energia e depois da Casa Civil do governo Lula. Foi apelidada de "mãe do PAC" por ser a idealizadora e depois executora do programa de aceleração ao crescimento. Como foi algo que lhe deu crédito, ela foi colocada por Lula como candidata do governo do PT para o palácio do planalto.  Com a alta popularidade do governo Lula, Dilma venceu José Serra do PSDB em um segundo turmo com folga até. 

Em 1/1/2011 assumia a presidência da república, a primeira mulher presidente do nosso país. Fato inédito e histórico para a representatividade feminina. Em seu governo, foi mantido e ampliado todos os programas sociais herdados do governo Lula. Na economia, chefiada pelo experiente Guido Mantega, se mantia em patamares de crescimento. O país viva uma onda serena na nação. No setor de investimento,  colocou recursos, tempo e energia para efetivar e terminar o PAC iniciado com o governo do Lula e logo colocou o chamado " PAC 2" o PAC da Dilma para rodar, que seria um dos maiores programas de investimento em infraestrutura e obras desse país. Aqui, um adendo, que duvido que haja algum municipio que não tenha pelo menos uma caçamba, uma patrola, um maquinário que não veio nessa época do PAC 2. Foi varrido esse país de obras e maquinários. Isso para a estrutura do país foi ótima, mas nem tanto para os interesses políticos. 

Com o sucesso desse programa, Dilma foi a reeleição. Talvez tenha sido a mais apertada que o PT disputou, mesmo ela tendo vencido. O problema foi o pós eleição. O derrotado do PSDB, Aécio Neves, contestou o resultado das urnas, algo inaceitável numa democracia, pois a eleição é o momento mais frágil do processo democrático. Com isso, o governo de Dilma foi duramente golpeado na espinha dorsal, pois seu apoio político foi se acabando. Neste sentido e agravado pelo processo dos protestos contra o governo, arquitetados em 2014 por movimentos como MBL e Vem para a Rua, seu governo foi definhando na popularidade e o sentimento de que tinha que sair pairava sobre o ar. 

Como uma gasolina no fogo foi a Policia Federal ensejada com o Ministério Público Federal deflagarem a famosa "Operação Lava Jato" que seria o estandarte da moralidade no país. Que moralidade. Com Moro, Dallagnol e cia, com anuência do STF começou uma caça as empreiteiras no país, que no fim destruia o PAC que Dilma almejava, e aquilo que a sustentava no poder. Junte tudo isso e sem apoio político, sobra um processo de impeachment. Na verdade, não teria impeachment, se não fosse o abandono total, voluntário e golpista do vice- presidente o eterno Michel Temer e seu PMDB. Tudo foi minimamente pensado, orquestrado e deflagrado. Desde a não aceitação da derrota de Aécio, passando pela moralizante operação Lava Jato (que virou piada politiqueira barata) até o impeachment, Dilma resistiu o quanto pode, mas sempre dentro da legalidade. Quando não pode mais, com o sentimento inflamado de ódio gratuito contra o PT, a traição de seus aliados ,ela, serenamente deixou o poder. Serenamente.

Dilma, Coração Valente, a primeira mulher presidente do Brasil, foi defenestrada do poder em Agosto de 2016 por sim um golpe.Sim, foi um golpe que trouxe severas lições ao país.

Lembro da frase dela que se cumpriu letra por letra:

" A história será implcável com os golpistas... [...] Vão capturar as instituições do Estado para colocá-las a serviço do mais radical liberalismo econômico e do retrocesso social". 

Não falhou em nada. Amargamente vemos que a verdade foi implacável e resultado que temos hoje, catastrófico. 

A democracia brasileira é muito jovem para ser tão machucada como foi. 




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