Depois de escrever sobre os presidentes na redemocratização, passando por Collor, FHC, Lula, Dilma e Bolsonaro, agora falaremos sobre a presença dos vice- presidentes do Brasil que por inúmeros motivos, espúrios e golpistas ou não, assumiram a presidência do Brasil. Neste caso, falaremos sobre o mineiro Itamar Franco e o paulista Michel Temer, âmbos de PMDB, coincidência, acredito que não. Falaremos das condições em que governaram e porque estiveram no poder.
Seguindo uma progressão histórica, começamos por Itamar Franco. Ele, vice- presidente na chapa de Fernando Collor teve a missão de conduzir o Brasil depois da estrondosa e tenebrosa passagem de Collor pelo Palácio da Alvorada. Com todos os casos de corrupção, os esquemas de PC Farias, e a baixa popularidade de Collor com suas medidas improdutivas para conter a inflação e a recessão econômica, aliado a sua pouca aceitação pelo congresso, começou o processo de impeachment que no fim virou renúncia. Neste sentido, desde o ínicio do processo e no fim pelo restante do mandato, assumiu seu vice, Itamar Franco, mineiro, radicado em Juiz de Fora, Engenheiro Elétrico, histórico político do PMDB que foi senador pelo estado de Minas Gerais (Algo que voltaria nos anos 2010, falecendo no exercício do mandato de senador em 2011). Político sereno, calmo e muito peculiar, A palavra que define Itamar é peculiar. Foi um governo que conseguiu acalmar os ânimos aflorados e exaltados no país. Teve a expertise de aliar-se politicamente e pacificar o processo político, muito inflamado com os escândalos do Collor. Na economia, reuniu vários especialistas e estudiosos, como Pérsio Arida, Pedro Malan, Fernando Henrique Cardoso (seu chanceler, que depois viraria ministro da fazenda) e Ciro Gomes para montar o Plano Real, que seria o marco de seu governo. Em Julho de 1994, último ano dele na presidência, apresentou o plano economico que trouxe um alento e calmaria aos brasileiros que muito sofriam com a inflação e haviam desacreditado nos planos econômicos frustrados e seus ministros de Sarney (Bresser-Pereira e Maílson da Nóbrega) e Collor (Zélia Cardoso de Mello). Nisto, saiu da presidência apoiando seu ministro da fazenda, FHC que seria mais tarde eleito presidente, com quem romperia no futuro, No fim, Elegeu-se governador em MG em 1998 e e senador pelo mesmo estado em 2010. Como disse, faleceu em 2011 no exercício do mandato de senador. Por fim, acredito que Itamar entrou para a hístoria por ser aquele que mesmo nas tempestades politicas e economicas deixadas pelo seu antecessor, conseguiu no bom jeito mineiro, sereno e calmo conduzir o país e deixar marcas importantes até hoje. Itamar foi um peça chave na continuidade da redemocratização e no alicerce que precisava.
Em contraponto a Itamar vem Michel Temer. Paulista, advogado, de vasta carreira política, tendo sido eleito deputado federal por 5 legislaturas, das quais foi presidente da Câmara Federal por 2 vezes nos governos de FHC e Lula. Com Lula, foi indicado pelo PMDB para compôr a chapa com Dilma Rousseff para a sucessão do mesmo. Foram eleitos e reeleitos em 2014. Político experiente, extremamente astuto e perspicaz, Temer jamais deixou transparecer amores pela junção ao PT, porém os interesses sempre falaram mais alto. Mas chegou no limite na reeleição de 2014. Com a fragilidade posta com a não aceitação da derrota por parte do derrotado senador mineiro Aécio Neves, e a crescente onda de protestos capitaneados e inflamados pela mídia, aliado as operações da Lava Jato, aparelhando o MPF e parte do judiciário nesse conluio, Temer viu a brecha de se colocar como aquele que conduziria o país para longe do caos, aos moldes do Itamar. A diferença entre ele e Itamar era a motivação. Itamar foi posto na condição, Temer induziu Dilma ao erro e semeou a desavença para se beneficiar que em 2016 culminou com o impeachment dela e ele subiu tomou posse como 37º presidente para cumprir o restante do mandato. Diferente de Itamar, Michel Temer provocou uma série de malfeitorias para o povo sem precedentes. Desde a reforma trabalhista, passando pela famosa "pec do teto de gastos" que refreia todo o investimento do país, passando pela abertura de nossas empresas públicas e nossas riquezas a sorte do capital e da especulação estrangeira, e por ai vai. Hoje o que Bolsonaro acentua e dá força, são na maioria sementes malditas plantadas por Temer. Nunca esqueçamos, que o fenômeno Bolsonaro, foi uma cria retrógrada de parte da mídia golpista e serviçal aos interesses dos EUA, mais um judiciario e MPF politiqueiro e da velha guarda da política representada por Temer. Todos tem sua parcela de culpa. No fim, o que sobra de Temer é sentimento entreguista e golpista que rondou e pairou sobre si. Disto resulta um país fragmentado, destruido e com mazelas sociais que tinham sido acentuadas, porém foram elevadas a níveis e precedentes sem tamanho. Isso foi a herança do golpe e a sede de poder do grupo que Temer é o mentor. Diferente de Bolsonaro que é ferramenta, Temer é agente causador, Guardem bem isso eleitores, é causador não ferramenta.
Em fim, sobre os vices na redemocratização pouco tenho a falar. Itamar cumpriu seu papel e Temer forçou seu papel. A história conta de Itamar que já não está entre nós e cobra justa conta de Temer.
Itamar foi um legalista. Temer um golpista.
Se estou equivocado, a história contará. Até agora, é exatamente o resumo que temos.
Ta na hora de cuidar os vices que acompanham seus mandatários. Não sabemos quando eles tomarão o poder.
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