Em alguns textos atrás, escrevi que tinha iniciado uma nova graduação, agora em Jornalismo. Confesso que está sendo uma grande oportunidade de aprendizado, e que ajuda em muito a manter meu blog e amplia-lo para novas plataformas. Aguardem, que novidades virão. Sobre este tema. que recorrentemente aparece, discorreremos hoje. O real papel do jornalismo sobre a corda bamba do interesse e do comprometimento.
Primeiramente, gostaria de tecer uma consideração histórica sobre o jornalismo, principalmente a imprensa brasileira. Se olharmos para os últimos anos, trazendo a tona a década de 60, mais precisamente o golpe de 1964, entenderemos o quanto a imprensa é importante para qualquer tipo de governo que um país tenha. Alguns veículos de comunicação da época, muito voltado para a imprensa falada e escrita e engatinhando na imprensa televisiva, se beneficiaram do processo do regime militar para se consolidar, como o Grupo Globo, por exemplo. Outro que embarcou na onda e pode também se estabelecer, foi Silvio Santos, mas deste falarei nas temáticas dos grandes brasileiros, pela notoriedade na comunicação deste país. O que se vê são interesses estabelecidos e cumpridos, mas nem sempre um compromisso por excelência. O que a ditadura queria era um veiculo da grande massa que propagasse suas campanhas de um país ordeiro e de paz e não o lado repressor e perseguidor que tinha. Os interesses plenamente estabelecidos e cumpridos.
Se trouxermos para os dias atuais, e a neurose coletiva que vivemos, tanto pela fluidez da comunicação e pelo imediatismo da noticia através das redes dinâmicas, percebe-se que os interesses por detrás de determinado veículo que expôe a determinada noticia, ou opinião se torna mais dificil de se perceber, quase ficando apenas para os analistas de discurso, algo próprio da Filosofia e áreas críticas e humanas conseguem. Neste processo, o consumidor precisa fazer o esforço e o exercício da criticidade para perceber o que está velado, o que está nas entrelinhas.
Para ilustrar como um veículo de comunicação presente neste momento que defende uma linha, trazemos a tona o Grupo Jovem Pan de São Paulo e sua linha editorial de jornalismo. Desde a eleição de 2018, foi ficando cada vez mais nítido qual linha iriam adotar e qual candidato estavam levantando bandeira: Jair Bolsonaro. Não que isso seja um problema, mas quando o principio do jornalismo é ser amplo e democrático, inviesar o processo talvez e quase sempre, esbarre no comprometimento da imprensa. Se fizermos uma análise de seus comentaristas e apresentadores, percebe-se uma clara intenção de se ter pessoas de cunho conservador, os ditos "direitistas" e poucos críticos ao agora governo bolsonaro. Se torna mais claro e evidente o interesse, quando o presidente atende prontamente pessoas como Guilherme Fiuza, Ana Paula Henkel, Caio Coppola, Alexandre Garcia e não atende outros veículos, e aliás, agride e insita violência contra, como por exemplo a Globo, que se tem um tom mais crítico contra seu governo. Se olhar os luxos e comodidades governamentais que emissoras como RedeTV, Record e Jovem Pan tem (recordar aqui que tudo é concessão de governo) entende a diferença de se noticiar o mesmo fato de maneira diferenciada. São os interesses. Fica fácil com dinheiro do Estado Brasileiro fazer benesses e aparelhar a imprensa a seu favor.
Quando uso a palavra comprometimento é que levo isso a risca como estudante e futuro profissional na área do jornalismo. O que mais falta nos tempos que vivemos é compromisso. Compromisso com o que se escreve e com o que se fala. Um dia um psicanalista francês chamado Jacques Lacan escreveu assim "Você sabe o que disse, mas nunca o que o outro escutou" e eu faço outra assertiva sobre, dizendo "Tenho compromisso com o que eu falo, não com o que os outros escutam" para determinar a necessidade de saber para quem, sobre o que e o que se fala. Isso é comprometimento. É recordar que o princípio que move o jornalismo é informar com precisão, coerência e compromisso o determinado fato. Comprometer-se é dificil. Colocar seu nome em um texto nunca foi e nunca será fácil. Terá de entender que passará pelo crivo de seu público, por isso saber para quem se escreve, ter domínio daquilo , é o sobre o que e como expressar isso, é o que se fala. Propriedade intelectual e dominio de assunto só se adquire lendo. Ler e pesquisar muito sobre o que se quer discorrer, mostra capricho, e compromisso com o que se assume.
Sobre interesse, precisamos cada vez mais batalhar por uma imprensa mais livre e independente. Quando vejo veículos se curvarem diante de um governo totalmente incoerente e desonesto, passando pano para certas situações, sei que neste lugar não me enquadro. Sou um ser pensante que precisa de liberdade para criar e dialogar. Só o simples fato de me sentir amordaçado e preso, me faz infeliz. Procurei no jornalismo algo que expressasse minha indignação, e pudesse contribuir para uma sociedade cada vez mais justa e não para se curvar para o poder econômico.
Por fim, o jornalismo respira quando se tem pessoas que sabem que a morte de Vladimir Herzog não foi em vão. Quando se tem pessoas comprometidas e críticas como Octávio Guedes, Juca Kfouri, José Trajano e tantos outros que enfrentam diáriamente ataques pesados para manter a liberdade como pauta do jornalismo.
Para quem põe o interesse a frente do comprometimento só resta lamentar e pedir que procure outra profissão. Ser jornalista é ser desafiador e desafiado dia-a-dia em cada momento, em cada acontecimento.
A democracia necessita de um imprensa livre, séria e comprometida pelo seu bem e de todos, para a nossa geração e as demais que virão.
Muito bom. Pena que muitos que lêem este texto tão especial não entendam o seu conteúdo. Parabéns meu amigo.
ResponderExcluirObrigado pela leitura! acompanhe nosso trabalho!
ExcluirParabéns, muito bom texto, infelizmente estamos entrando em um caminho muito perigoso, espero que possamos acordar em tempo.
ResponderExcluirObrigado pelas considerações. Ficar atentos e vigilantes.
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