Continuando nossa série de textos sobre os candidatos a presidência da república, chegamos ao atual presidente que tenta a reeleição, Jair Bolsonaro. Pela notoriedade dele, vamos nos ater ao seu governo, deixando um pouco de lado sua história, apenas pontuando momentos estratégicos.
Bolsonaro nasceu no interior de São Paulo em 1955. Ingressou logo cedo na carreira militar chegando ao posto de capitão. Serviu nas Forças Armadas até 1988, com baixa desonrosa por incitar motins nos quartéis. Entrou para a vida política em 1988 já no Rio de Janeiro elegendo-se vereador. Em 1990 elegeu-se para a Cãmara Federal, algo que se repetiu durante 6 mandatos consecutivos. Durante seus 27 anos como congressista, ficou conhecido pelo conservadorismo exagerado e por diversas polêmicas, como ser opositor aos direitos da minorias, pelo discurso inflamado e carregado de ódio, onde por inúmeras vezes defendeu a prática de tortura e assassinatos praticados durante a Ditadura Militar. Aliado a isso, e pelas suas posições extremas e seu jeito truculento foi angariando adeptos principalmente no advento da internet. Do chamado " baixo clero" da Câmara, sempre orbitou em partidos do espectro do centro político, como o PP e agora o PL. Toda sua popularidade se deu pela sua inserção em mídias, com falas "toscas" de forma como o povão queria ouvir, como "vou mudar isso daí" "comigo não vai ser assim" e por ai vai. Impulsionado por parte da midia televisiva que com programas como "CQC" e "Panico na TV" alavancou sua popularidade como alguém que não seria do dito "sistema" (mesmo sendo deputado por 27 anos). O ódio a política fez Bolsonaro se colocar como aquele que mudaria tudo. Com isso, candidatou-se a presidência em 2018 fortalecendo-se a cada pesquisa, com o discurso do "muda Brasil". Como sempre falo que a História é cíclica, outros já utilizaram essa mesma bandeira, como o caso do tosco do Jânio Quadros e sua "vossourinha" e o mal caráter do Fernando Collor, com os "coloridos". Duvido que você, meu caro leitor não tenha um parente que era colorido. O problema que seguindo a risca a História, o Brasil elegeu eles e consequentemente elegeu Bolsonaro. Péssimo para a História, pior para o país.
Seu governo é caracterizado pelo partido dos com farda, ou partido dos sem voto: Os militares. Bolsonaro saudosista ao atrasado e amorfo período militar no Brasil, trouxe para seu governo uma leva de militares que na época do golpe de 64 eram cadetes de baixa patente, na maioria oriundos da Academia Militar das Agulhas Negras que era comandada pelo General Médici, que hoje são os generais da reserva. Esse governo recolocou eles em cargos políticos, só esqueceu de dizer para eles não tirarem as fardas dos armários. Cada vez que vejo um general como Heleno, Luiz Eduardo Ramos, Braga Netto sinto o cheiro de naftalina. Lugar de farda é na caserna. Quer vir para a política, use terno e gravata. Não se ostenta as divisas em meio civil. Isso é jogar no barro a história honrosa e legalista das forças armadas.
Outro ponto sobre seu governo é sua agenda neoliberal em todas as áreas. Suas medidas políticas antiambientais ( deixar a boiada passar disse seu ministro Salles), pró-armas, e extremamente negacionista, faz com que leve a alcunha de falar e tomar medidas apenas para a "bolha" que o segue. Sua maior bandeira foi da anti-corrupção. Seu governo é marcado por escândalos em todas as áreas com crimes como corrupção passiva e ativa, a citar o próprio Ricardo Salles seu ministro do Meio Ambiente que recebia gratificações de madeireiros para afrouxar as fiscalizações do Ibama (reiterado e ratificado por Bolsonaro no Jornal Nacional); fraudes em licitações e compras de vacinas,envolvendo atravessadores (reverendos e sargentos) com anuência de seu lider na Câmara, o deputado Ricardo Barros; Facilitações em licitações na Educação para "pastores" amigos do ministro e também pastor Milton Ribeiro (sim, esse que ele próprio disse que colocaria a cara no fogo pelo Milton, provavelmente esteja só carvão hoje) e por ai vai. A maior bandeira de sua eleição virou cinzas nos primeiros momentos como presidente. Não se pode esperar de um deputado "rala miúda" acostumado a rachar gasolina e salário de assessor não seja corrupto. Isso é ser ingênuo e infantil. O povo como sempre, influênciado e que não ativa seu senso crítico foi nessa onda "patriótica" e aí está. Agenda neoliberal acarreta nisso. Todo o processo neoliberal é por consequência hipócrita.
Outro lado que corrobora com o processo hipócrita de seu governo é o slogan de sua campanha "Brasil acima de tudo e Deus acima de todos" afirmando um certo patriotismo e devoção algo que juntos, jamais daria certo, algo que a história não só do Brasil mas do mundo atestou. Quando se fala de patrotismo, nunca se viu um governo tão entreguista quanto esse. Diante dos EUA, algo muito típico desde os governos militares da ditadura, se têm uma sensação de subserviência como se o Brasil, soberano como é, fosse uma colônia norte-americana. Como um dos fatores preponderantes do neoliberalismo é acabar com os Estados-Nação, e o processo de uma grande geopolítica mundial, Bolsonaro é o estandarte disso. Fala-se muito em pátria, mas vende o que puder dela. Fala-se muito em serviços, mas privatiza o que puder. Mais uma face hipócrita dele e de seu governo. Na condição da devoção, outra coisa que fere gravemente nossa constituição. O Brasil é um estado laico. Todos os brasileiros, crentes ou não estão assistidos pela carta cidadã de 1988. Quando Bolsonaro se coloca com os crentes, esquece que governa para todos. A religião é algo intimo de cada um. Não compete a um presidente da república tornar isso uma agenda do estado. Aliar-se a igrejas para sustentar-se no governo é assinar uma sentença de fim. Se olharmos para todas as falcatruas deflagradas neste governo, percebe-se a presença nada sutil das Igrejas e pastores que foram muito bem financiados e comtemplados, a dizer os reverendos da saúde e das vacinas e os pastores "amigos do Milton" na Educação. É de doer.
Por fim e talvez o mais importante seja a agenda econômica dele. Um governo que não tem planejamento não sabe daonde vem o recurso e para onde deve ser destinado. Bolsonaro na égide de ser aquele que "enxugaria a máquina" destituiu o ministério do planejamento e unificou com o do Fazenda criando o "superministério" da Economia, e deu ao poder financeiro e dos bancos, caracterizado pelo filhote do "Chicago Boys" Paulo Guedes. Um desastre. Já tivemos na história ministros responsáveis pela Fazenda e Economia ruins, como a piada da Zélia Cardoso de Mello no tempo do Collor (tinha que ser) e por ai vai, mas como esse Guedes nunca foi visto. Suas medidas são de destruição do patrimônio e dissolução do Estado Brasileiro. Criou uma secretaria especial para desestatização (se existe algo mais liberal que criar algo para vender a soberania do país não sei) e deu para o empresariado que apoiou o golpe da Dilma em 2016 e financiou a campanha de Bolsonaro em 2018 na pessoa de Salim Mattar, dona da locadora de carros Localiza. A agenda neoliberal a todo o vapor. O que não pode ficar só na conta de Bolsonaro é que na economia essas agendas de destruição foram continuadas por ele, mas começadas com Temer. Sejamos justos, ele está terminando de destruir, mas não começou sozinho. O povo paga, principalmente o mais pobre um governo que mata de fome seu filhos. A pior consequência que há no neoliberalismo econômico é a miséria. Miséria é sinônino de morte em todos os sentidos.
Se pudesse venderia essa história do governo de "Naro" para uma produtora de filmes. Seria do gênero da tragédia. O que resume seu governo é a tragédia. Não há uma área sequer que não tenha acontecido algo de ruim, nenhuma. Um presidente com uma rejeição que alcança mais de 60% se colocar como candidato a reeleição ou é muita pretensão do indivíduo ou ficou cego de vez pelo poder. Só pode.
Bolsonaro entra para a história comtemporânea brasileira como aquele que do nada virou rei. E agora, como sempre foi nada, voltará a sua insignificância de sempre. Para a história, ficará na sessão "lata de lixo", junto com Jânio Quadros, Fernando Collor, Ranieri Mazzili, Auro de Moura Andrade, Michel Temer, Eduardo Cunha e tantos outros, como traídores da nação. Tem de ser lembrados como exemplos do que não ser.
Bolsonaro está no páreo.
Mas, quem está na reta é o Brasil.
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