Enfim, foi dada a largada para as campanhas eleitorais de 2022. Mesmo que já estamos em clima e espectativa a pelo menos um ano, agora que oficialmente as peças do tabuleiro se mostram e encaixam para termos o panorama geral dos candidatos que disputarão esses eleições gerais. Nesta, elegeremos o presidente da república, os governadores dos estados, os deputados federais e estaduais e trocaremos um terço do senado federal. Algumas coisas estão em jogo nesta eleição que se mostra tumultuado e tencionada de princípio.
A primeira coisa que precisa ficar clara é que não é como as últimas eleições. Na verdade, desde o golpe sofrido por Dilma Rousseff em 2016 o processo eleitoral ficou intoxicado por uma onda de ódio e desprezo a política. Isto influenciou as eleições municipais de 2016, tendenciou as eleições gerais de 2018 e teve uma rebarba em 2020. Nesta vez, as condições do ódio gratuito e do desprezo foram trocados pela crise que se enfrenta. Os lados que foram beneficiados por toda essa fumaça agora tentam novamente envenenar o processo para perpetuar-se no poder, questionando não o sistema político como em 2018, mas o sistema eleitoral em 2022. Isso é conversa para boi dormir. O sistema eleitoral do Brasil é exemplo para todos os demais países como algo a frente de seu tempo, na transparência, legitimidade e agilidade de apuração. O que o lado que quer se manter no poder faz, é manter o método de desmanche do Estado Brasileiro, agora não dizendo que o processo político é ruim, tanto porque se mantiveram nele neste mandato, mas que as eleições que legitimaram quem está ai não são confiáveis. Isso é patético. Nunca vi alguém ser alçado por um processo e querer sabotar aquilo que legitima o poder que exerce. Mas não se engane. Não é ingenuidade ou falta de expertisse na politica. É o método que se molda de acordo com o momento em que está inserido. Sempre é método.
Os atos relacionados a carta em favor da democracia que tive o prazer de assinar corroborando e legitimando o processo democrático lida na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em São Paulo, um ato histórico que remete a uma carta lida nos anos de chumbo de 1977 em defesa da democracia, nos faz refletir que a história é ciclica e que não devemos afrouxar diante de atitudes autoritárias e golpistas. A democracia deve ser guardada como algo primoroso ao Estado Brasileiro. A posse do novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, foi algo simbólico na consolidação do processo eleitoral eletrônico, límpido e legal, sendo prestigiado por quase todos os postulantes a presidência, bem como os ex- presidentes do Brasil José Sarney, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer. Isso diz muita coisa. A presença dos presidentes de sempre, faz com que se dê uma chancela histórica e de confiabilidade do processo, mesmo que Sarney foi voto indireto e Temer foi golpe, porém a presença deles e a deferência em forma de carta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso faz com que praticamente todos os presidentes da redemocratização depositassem a confiança necessária no processo eleitoral. Ficará guardada para a história a presença desconfortável do Bolsonaro. Ele, ao lado de Alexandre de Moraes, novo presidente do TSE, seu algoz, ou como eu digo "Aquele que freia as neuroses desse governo" de frente com Lula, seu maior adversário, foi algo icônico na noite de ontem. Foi a ratificação de que essa narrativa tentada a ser discurso de que se deve retroceder a voto auditável é no mínimo síndrome de quem já está derrotado, ou novas formas de se intoxicar o processo. No fim, tudo é método.
É chegada a hora da corrida eleitoral. Se aproxima a hora do país decidir. O que se deve ter é compromisso. Não pode ter a atitude infantil de não assumir a responsabilidade democrática de votar ou pior votar e não assumir o fardo de ter feito a opção errada. O Brasil precisa de gente compromissada com o Estado Democrático de direito.
Que seja um período de reflexão para todo o povo brasileiro. É o periodo mais frágil da democracia.
Devemos lutar por ela, não golpea-lá.
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