Na esteira dos últimos escritos que conciliam filosofia e psicanálise, hoje falaremos sobre a sociedade pós-moderna que vivemos, extremamente doentia que realmente, como o título salienta, nos intoxica, nos sufoca.
A palavra intoxicação nos remete a um corpo estranho, na maioria das vezes, químico que provoca alterações em nosso corpo biológico. Aqui, arrastando para a psiquiatria, e mais profundamente à psicanálise, são situações que o indivíduo é afetado indiscriminadamente e em todo o tempo, fazendo realmente uma espécie de fumaça que o sufoca, que o intoxica. Em nosso tempo, já não é algo propriamente do indivíduo, mas que extrapola para o coletivo. A abordagem não é personalista, mas social. São intoxicações que afetam a estrutura coletiva da sociedade. Mas como sempre digo, é método. Tem motivação determinada.
O produto final dessa intoxicação são as neuroses que se transformam nas barbáries. Vê-se repetir tanto que sutilmente estão se tornando banais. Diria a filósofa judia Hannah Arendt, a banalização do mal. Exemplo claro disso, são os discursos de ódio semeados com tanta força nos últimos anos. As pessoas se revelaram muito. Foram inflamadas por um discurso. Se espelharam neles. Quando se mergulha na intoxicação, o corpo grita. Ele reage. O problema é que foi tanto falado e exalado raiva e ódio que a reação é sempre espelho do que se absorveu. O sujeito intoxicado, iradia aquilo que o intoxicou. No amplo espectro, a sociedade irradia aquilo que está penetrado nela. Mas, é método, faz parte da necessidade de afastar o humano de sua parte racional e crítica e trazer próximo do fazedor de coisas, do consumidor, daquele que engole tudo sem senso crítico.
Um fato lamentável que corriqueiramente acontece no sul do Brasil, em especial na "Suiça Brasileira" que é Santa Catarina são esses ataques às escolas e creches. São reações do indivíduo frente a esses discursos e práticas violentas coletivas. Não se espera que o indivíduo intoxicado por algo assim irradie flores. É lastimável o que aconteceu e vê-se o quanto é nocivo para nosso status social, nossa interação social. O ponto de questionamento que levanta-se é repetidamente ser em Santa Catarina que leva a fama de estado ordeiro e que não necessita disso e daquilo e o campeoníssimo discurso xenofóbico de que são melhores que os outros. As coisas acontecem como forma de um belo tapa na cara dos barriga-verdes. Aqui, eu sendo catarinense,consigo ter senso que alguns combustíveis penetram mais facilmente aqui. Por exemplo, já foi encontrado em Santa Catarina células antissemitas, nazistas, fascistas e por ai vai. Ter a alcunha de "Europa Brasileira" e acontecer essas barbaridades não casam muito bem. Não que a Europa seja exemplo para algo, coisa que não é, mas tem história suficiente para ter um povo não uma população. Brasil tem um amontoado de pessoas, não um povo. Nesta esteira, algumas coisas acontecem corriqueiramente aqui. A sociedade é doentia. O Brasil foi feito em meio a sangue e exploração. Ninguém escapa disso. O que precisa é de sanidade mínima e consciência. Isso é necessário para romper a bolha que envolve, prende e sufoca.
Novamente choramos mais um tragédia neste chão. Parece que não se aprende nada com as que já aconteceram. Cada vez mais penso que lugares como o chão catarinense que tem o rompante de evoluido, são os mais intoxicados. Que nós possamos olhar essas barbaridades e ter o senso crítico de perceber as sutilezas de um discurso inflamado, carregado de ódio.
Que esta Santa Semana seja para nós momento de reflexão.
Para a educação, nosso respeito, sentimento e luto.
Para a sociedade, que rompa a bolha da ignorância e do ódio.
Para o sujeito, que possa ter senso de irradiar sentimentos bons.
Feliz e Santa Páscoa a todas e todos!
Fato amigo. Intoxicação é pouco. Virou algo doentio que nem psicanálise resolve.
ResponderExcluirverdade meu querido amigo. Está permeado na sociedade.
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