Me propus nos últimos tempos voltar a escrever sobre filosofia, psicanálise e coisas do cotidiano vivencial de cada um. Refletindo situações que se vivencia no âmago humano. Hoje abordaremos sobre os limites do amor, entre o estar conosco e deixar que vá.
O amor é uma disposição humana de doação de si para o outro. Amar é estar em sintonia, em ordem com o outro. Com o tempo o amor resignifica na vida pelo companheirismo, pelo estar junto, preocupar-se com o outro. Viver com alguém ao lado é importante, para poder contar o que sente, os medos, as angustias. É literalmente caminhar junto.
Estar conosco é algo primoroso de qualquer relacionamento. A psicanálise explica que criamos certa dependência emocional daquele que está ao nosso lado. O problema se coloca em quanto alimentamos tal dependência. Em casos extremos, perde-se a própria essência em função do outro. Isso é doentio, é patológico. Aqui se vive a máxima: "É viver com o outro, não para o outro."
Com o passar da vida e a maturidade que ela nos impõe, consegue-se enxergar as situações mais de longe, de forma a ver o todo, não tão próximo que nos faz mergulhar nela. Com isso, percebe-se situações, atitudes que antes eram quase impossíveis de se ver. Nisto, as relações saem do campo da ilusão e do idealismo e caem no concreto do real. O real é concreto armado, áspero. Dói, mas é o real que salta os olhos.
Neste contexto, que por vezes é doloroso e traumático, a maturidade nos faz ver que a única forma de se desvincilhar deste emaranhado emocional é tomar uma atitude. E alguns casos é realmente soltar a mão e deixar ir. Amar transpõe o estar físicamente com alguém. Amar na condição mais extrema é deixar ir.
Amar também é deixar ir quando se entende que o que você pôde fazer já fizeste. Agora é deixar que o outro voe para outros caminhos que talvez vc não possa acompanhar. Cada pessoa traça seu destino e seu caminho. As vezes somos passageiros neste trem da vida dos outros em outras situações o trem já está cheio. Ser maduro é perceber e entender isso. É doloroso? É. Machuca? Sim. Mas, aqui está a chave da maturidade que nos envolve e nos molda: Olhar o todo, perceber que o outro precisa e soltar. Não é se eximir de algo, é amar no extremo. É amar na condição de liberdade do outro.
Amar é deixar ir. Não é fácil. Destrói, desmorona. Mas, a vida humana é permeada por isso. Que toda a relação nos deixe bons perfumes e lembranças ótimas que se carrega no coração.
Deixar ir é um sinal extremo do amor maduro e incondicional pelo outro. Nos desloca, mas é um sinal da maturidade que chega para qualquer um de nós.
Que o vento leve aquilo que um dia esteve conosco para os melhores lugares, para o melhor do outro, para o melhor de mim.
Amar também é deixar ir..
Lindo texto, muito verdadeiro.
ResponderExcluirObrigado. Amar é desprender-se. Deixar que siga a vida....
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